Herrera é destaque no WebVolei

Herrera é destaque no WebVolei

Jogadora do Esporte Clube Pinheiros e agenciada pela ProSports deu uma entrevista exclusiva para Daniel Bortoletto do site especializado, WebVôlei.

Herrera: “Árbitro não pode confundir vibração com desrespeito ao adversário”

A cubana do Pinheiros não fugiu do polêmico tema da confusão em Camboriú

“A contratação mais relevante para a temporada”. Assim o Pinheiros anunciou a contratação Yusleyni Herrera Alvarez, no início do segundo semestre do ano passado. Um peso condizente com o status que a cubana ganhou em outras passagens pelo vôlei brasileiro.

De 2010 a 2013, ela defendeu Minas e Praia Clube, sendo a maior pontuadora da Superliga em duas edições, por ambos os rivais mineiros. Mostrou a característica que todo brasileiro de acostumou a ver em cubanos: muita potência no ataque.

Com 34 anos, Herrera voltou para o Brasil mais experiente, mãe e com desejo de reviver seus melhores dias no vôlei. O que não mudou foi o estilo intenso em quadra.

Haja visto o acontecido na última rodada do turno da Superliga Cimed. Contra Balneário Camboriú, Herrera se envolveu em discussões com a arbitragem, levou cartões e viu o jogo ser encerrado na reta final do quarto set, ao ser expulsa (entenda o ocorrido aqui). Nesta entrevista ao Web Vôlei, ela falou pela primeira vez sobre o acontecido.

– Nós, cubanos, jogamos com sangue quente, temos esse espírito de luta, vibração e isso sempre nos ajudou muito. Nunca nos atrapalha. Agora um árbitro não pode confundir vibração e emoção com desrespeito ao adversário – disse.

Problema à parte, Herrera vem fazendo o que o Pinheiros esperava dela. A cubana já marcou 173 pontos na competição, ocupando o terceiro lugar entre as maiores anotadoras, atrás apenas da polonesa Skowronska, do Hinode/Barueri, e Ivna, de Camboriú.

Confira a entrevista realizada por e-mail com Herrera.

1- De cabeça mais fria após o jogo com Camboriú, você acredita ter exagerado ou faria tudo de novo?
Já estou mais calma, mas não houve exagero em Santa Catarina. O árbitro entendeu que eu havia olhado de forma maldosa para ele no primeiro cartão vermelho que tomei, mas não foi nada disso. Eu comemorei muito com meu time, pois estávamos em uma situação difícil, com um jogo equilibrado e foi uma vibração natural. Depois o que aconteceu no quarto set foi inaceitável. Ele me expulsar do jogo porque disse que eu comemorei efusivamente provocando o banco da equipe adversária é uma mentira. E aí sim um abuso por parte do árbitro. Nunca em qualquer partida internacional ou em qualquer outra liga importante do mundo aqueles dois cartões vermelhos teriam sido mostrados para mim. Todos podem assistir aos jogos espalhados pelo mundo, as principais competições e isso nunca acontece. E eu já joguei Olimpíada, Mundial, Grand Prix, Pan-Americano e outros grandes campeonatos.

2 – Qual aprendizado você tira da situação?
O aprendizado é que eu devo seguir ainda com mais calma e tranquilidade e aceitar que existem pessoas de pouca competência que podem decidir os resultados das partidas de voleibol. E também às vezes as intenções de alguns indivíduos não são as melhores para o esporte. Já tive companheira que ficou fora de uma semifinal de Superliga por fato parecido. No ano passado me disseram que o Leal também teve uma complicação nas semifinais. Será tudo coincidência? Por que eu nunca tive um cartão vermelho na Turquia? Por que não vemos nunca essa situação no exterior? É algo para ser discutido.

3 – Você sempre foi uma jogadora muito intensa, que demonstra emoções em quadra, vibra a cada ponto… Vê esse lado emocional como um dos seus diferenciais?
Nós, cubanos, jogamos com sangue quente, temos esse espírito de luta, vibração e isso sempre nos ajudou muito. Nunca nos atrapalha. Agora um árbitro não pode confundir vibração e emoção com desrespeito ao adversário. Respeito muito todas as minhas adversárias e até mantenho uma relação de amizade com muitas jogadoras contra quem jogo toda a temporada. Agora quem tem que ter o melhor controle das emoções é o árbitro, pois de forma muito equivocada finalizou uma partida no quarto set com o placar empatado em 20 a 20, simplesmente porque não é capaz de julgar adequadamente a intensidade do jogo e também porque sofre com influências externas o tempo todo. Não foi a primeira vez que passou isso comigo em Santa Catarina. Quem perde com isso é o voleibol brasileiro. Já está tão difícil de fazer bonitos espetáculos e seria bom que os árbitros fossem mais preparados para partidas de Superliga.

Cubana é uma das maiores pontuadoras da Superliga (Flávio Perez/On Board Sports)

4 – Explique como surgiu a oportunidade de voltar para o Brasil nesta temporada.
Meu agente Alessandro de Lima é brasileiro e ele trabalha comigo desde que comecei a jogar profissionalmente. Ele falou comigo para eu voltar ao Brasil, devido ao bom nível do campeonato eu poderia jogar de novo aqui. Pensei que isso era realmente o melhor para mim e para minha carreira. Ainda sinto que tenho alguns bons anos para jogar profissionalmente. Decidi que para pegar ritmo e ficar com um físico bom era melhor aqui no Brasil. Gosto muito da Europa, mas a melhor decisão que fiz foi voltar para cá. Cheguei com 81 kg e em menos de 2 meses já havia baixado 5kg, assim minha condição física começou a melhorar. Gostei demais da forma como fui tratada pela comissão técnica do Pinheiros e pelas minhas companheiras. Isso me ajuda a render ainda mais.

5 – Aquela passagem pelo Minas foi um dos melhores momentos da sua carreira?
Amo BH, ali me sinto em casa, foi quem me abriu as portas para eu jogar como profissional. Foram duas temporadas fenomenais, com jogadoras fantásticas que me ajudaram muitíssimo e que hoje em dia são amigas. Mas também estava em um momento ótimo no Praia Clube quando sofri a lesão no joelho. Éramos lideres da Superliga e tínhamos uma possibilidade grande de fazer um playoff interessante. Eu sinto muito carinho do povo mineiro e agora estou conhecendo os paulistas também.

6 – O que mudou a maternidade mudou em você, tanto dentro quanto fora de quadra?
Agora sou mãe e atleta, antes podia descansar mais, mas agora que tenho filho sempre brinco com ele fora de quadra, já não vou muito às festas. Só dedico meu tempo livre ao meu filho, em educá-lo, passear, etc.

Comemoração do Pinheiros (Flavio Perez/On Board Sports)

7 – O Pinheiros está em nono lugar na Superliga, ainda na briga por vaga nos playoffs. O que faltou para um primeiro turno melhor? Em quais aspectos você acredita que o time precise melhorar no returno?
Nós iremos melhorar sim, sem dúvida alguma. Vamos melhorar em todos os aspectos. Fisicamente vamos crescer rapidamente e também o entrosamento estará melhor, assim os fundamentos irão fluir melhor.

8 – Recentemente foram divulgadas informações de que Cuba está flexibilizando regras e muitos atletas poderiam voltar a jogar pelas seleções locais. Qual a sua opinião sobre isso?
Não vou jogar na seleção mais, uma pela minha idade e outra pelo meu filho. Quero meu filho sempre perto de mim.

9 – Cuba e Brasil protagonizaram uma das maiores rivalidades do vôlei feminino na década de 90. Algum jogo em especial marcou você? Aquela geração de Mireya, Reglas Bell e Torres motivou você a praticar vôlei?
Naquele tempo em que o Brasil e Cuba eram rivais eu era uma menina e sempre gostei muito do jogo de Mireya Luis e Regla Torres. As duas são campeãs, figuras olímpicas que sempre terão meu respeito e de todo o povo cubano. Elas foram inspiração para mim e praticamente todas as que vieram a praticar voleibol em Cuba depois delas.

10 – Por fim, deixa uma mensagem para seus fãs
Obrigada a todos meus fãs que me escreveram e mandaram mensagens, ligaram para saber como eu estava. Desejo um lindo ano cheio de saúde e coisas boas, beijos da Yuya.

Compartilhe

CATEGORIAS

Mais posts

Nos envie uma mensagem