“Brasil, exportador de nadadores”, por Henrique Barbosa para o LANCE!

Olá, leitores do LANCE! O Brasil voltou a ser um grande exportador de nadadores para a natação universitária norte-americana. Fazia um tempo que não tínhamos tantos atletas e tanto talento competindo no NCAA, a liga universitára local.

Talvez pelo contexto atual sócio-econômico do nosso país, pelas expectativas não serem as mesmas de anos atrás, exta “exportação” esteja voltando com tudo. Fico contente, pois sempre fui a favor do atleta ter a oportunidade de treinar em altíssimo nível além de ter a obrigatoriedade de prestar um curso superior. Infelizmente no Brasil isso só é possível com sacrifício e mesmo assim o sistema às vezes não facilita que o atleta de alto rendimento tenha a possibilidade de estudar.

De todos os nossos medalhistas olímpicos, desde os anos 80, acredito que somente Ricardo Prado (SMU), Gustavo Borges (Michigan) e Carlos Jayme (Flórida) se formaram durante ou logo após conquistarem suas medalhas. Pouco. Na nossa seleção olímpica que foi para o Rio, dos finalistas tínhamos somente três com diploma universitário, todos nos EUA. Marcelo Chierighini (Auburn), João De Lucca (Louisville), Nicolas Nilo (Arizona).

Essa exportação sempre existiu, porém se consolidou mais nos anos 90 quando Gustavo Borges conquistou o título do NCAA por quatro vezes seguidas nos 100m livre, feito que poucos na história do NCAA conseguiram. Depois disso, muitos nadadores tinham o “sonho” de treinar fora. Naquela época as coisas eram mais difíceis, com dificuldades de comunicar com a família, a oscilação do novo plano Real perante o Dólar, além do pouco uso da recém massificação da internet.

Lembro que em meu primeiro ano de NCAA em 2003 quase todos os times de ponta tinham algum brasileiro. No começo pude ver Carlos Jayme, Renato Gueraldi, Gabriel Mangabeira e Rodrigo Castro, e terminei minha carreira universitária (4 anos) ao lado dos “calouros” Cesar Cielo e Nicolas Nilo. Pude comemorar três títulos do NCAA, porém o título maior foi o diploma conquistado em Berkeley, uma das melhores universidades.

Fico contente de ver nossos talentos buscando aprimorar ainda mais a natação como o caso do Brandonn Almeida e do Vinícius Lanza, que levam dezenas de outros talentos para buscar uma estrutura melhor. Atletas inclusive já profissionais como o caso de Matheus Santana, que também se “arriscará” no exterior.
Henrique Barbosa é ex-nadador e sócio da Dream Big Club, empresa que recruta jovens atletas para estudar e treinar nos EUA

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