Thomas Coville e Lars Grael, um encontro de campeões

O medalhista olímpico e campeão mundial Lars Grael está em Salvador, na Bahia, visitando a Vila da Regata da Transat Jacques Vabre. O velejador é uma das maiores referências esportivas do Brasil e um dos maiores incentivadores da modalidade. Nesta segunda-feira (20), Lars Grael teve a oportunidade de falar sobre o desenvolvimento da vela oceânica com Thomas Coville, apontado como um dos três melhores atletas de 2017 por seus feitos como os recordes de volta ao mundo e Atlântico Norte em solitário e também a vitória da Transat Jacques Vabre a bordo do Sodebo Ultim’. O papo informal entre os ídolos da vela mundial rendeu ideias para o futuro.

”Seria importante para o Brasil receber uma regata como a Transat Jacques Vabre e colocar velejadores locais inseridos na travessia. Seria interessante dar oportunidade aos brasileiros de vivenciarem esse ambiente, esses barcos. Quem sabe colocar tripulantes daqui para levar nossos barcos de volta para a França. Seria uma experiência enorme”, contou Thomas Coville. ”Os trimarãs da Ultime são feitos para o Brasil, um país com muito vento e velejadores de talento”.

Lars Grael aprovou a iniciativa. ”Esse intercâmbio cultural entre a vela brasileira e a francesa, que tem enorme tradição em travessias e volta ao mundo, seria uma experiência fantástica. Essa estratégia seria importante pra gente”.

Thomas Coville e Lars Grael acreditam que o Brasil tem potencial náutico de sobra para ser referência na vela oceânica e ter mais velejadores competindo a regatas internacionais de ponta como Transat Jacques Vabre, por exemplo.

”O Brasil tem essa costa maravilhosa. É um país desejado pela vela internacional para vir pra cá pelas condições climáticas. É um país respeitado mundialmente na vela olímpica pelas medalhas obtidas. Na vela oceânica é uma questão cultural e econômica que há de mudar. Espero que mude esse conceito totalmente equivocado de que a vela é um esporte meramente de elite. Vela é cultura nacional. Um país que quer se desenvolver precisa olhar para o mar. É essa a contribuição que nós e muitos outros temos que dar”, explicou Lars Grael.

A vela olímpica brasileira tem ao todo 18 medalhas, sendo 7 de ouro, 3 de prata e 8 de bronze. Lars Grael tem dois bronzes na Tornado obtidos em Seul 1988 e Atlanta 1994. Na classe Star foi campeão mundial em 2015 ao lado de seu aluno no Projeto Grael, Samuel Gonçalves.

A família de Lars é referência na vela, com oito medalhas olímpicas e títulos de expressão como a Volvo ocean Race de 2008-09 com seu irmão Torben Grael no comando do sueco Ericson 4.

Antes de deixar a Vila da Regata da Transat Jacques Vabre, Lars Grael passou de píer em píer para ver os 12 barcos que já chegaram da Rota do Café, dividos nas classe Ultime – um deles o Sodebo Ultim’ de Thomas Coville – IMOCA e Multi50.

”Eu que venho da vela tradicional olhar um bólido de competição como esse é uma coisa impressionante. Parece uma nave espacial”, disse Lars Grael ao lado do recordista e campeão da Transat Jacques Vabre. ”Os multicascos são mais impressionantes. Basta ver que nos Ultimes eles chegaram numa diferença de duas horas entre o Sodebo e o Ultime na segunda-feira. Já o primeiro monocasco chegou depois. É uma diferença grande de velocidade. Tudo isso é muito atraente”.

Lars Grael elogiou o trabalho do Yacht Clube da Bahia, que fomenta a vela de base. A instituição, em parceria com a Liga de Vela da Normandia, vai mandar para a França jovens baianos para correr campeonatos nacionais.

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