Thiago Pereira fala de seu momento olímpico para a Folha de São Paulo

O meu Momento Olímpico, sem dúvida alguma, foi todo o processo que resultou na minha primeira medalha olímpica, obtida no dia 28 de julho de 2012, na piscina dos Jogos Olímpicos de Londres, na Inglaterra. Depois de duas edições dos Jogos batendo na trave, chegando nas finais e rivalizando com os melhores do mundo braçada a braçada, conquistei a minha tão sonhada medalha olímpica nos 400 m medley. Chegar até esse momento exigiu muito treinamento, dedicação, tentativas e empenho. Foi preciso passar por muita coisa! A primeira delas foi enfrentar por três edições seguidas a melhor geração do nado medley da história. Ao meu lado desde Atenas 2004 e Pequim 2008 estavam o maior nadador do século e recordista de pódios, o norte-americano Michael Phelps, o super campeão Ryan Lochte e o húngaro Laslo Cseh, que não entrou na disputa por medalha dos 400 m medley em Londres, mas sem dúvida está nesse hall de ícones da natação mundial. Antes da prova, eu, Michael Phelps, Ryan Lochte (medalha de ouro nos 400 m medley) trocamos algumas palavras, como de costuma: ”Aqui estamos mais uma vez numa final olímpica”.

O meu Momento Olímpico passa também pelos treinamentos em alto nível, que começaram em Volta Redonda, depois no Minas Tênis Clube, Trojans de Los Angeles e S.C. Corinthians Paulista. Antes do Pan de Guadalajara 2011 voltei a treinar no Brasil no P.R.O. 2016 sob o comando do técnico da seleção Albertinho Silva. Todo esse amadurecimento me ajudou a alcançar meu objetivo final.

O trabalho fora da água, incluindo treinos de força, alimentação correta, acompanhamento psicológico e o descanso fizeram e ainda fazem parte da minha rotina naquele ciclo olímpico.

Na véspera da prata, como nas outras edições, teve a cerimônia de abertura da Olimpíada e não pude participar. Estava na Vila concentrado para o início da competição horas depois. Em nenhum momento no dia anterior e nas eliminatórias perdi o foco e a concentração. Sabia que seria em Londres 2012 que subiria ao pódio pela primeira vez. Voltei com a sensação de que era o momento certo, precisaria dar mais do que 100% para sair vencedor.

Nadei a final na raia 6! Pertinho de mim estava o Phelps, na 8. Comecei bem forte a prova, permanecendo no bloco da frente. No nado peito consegui tirar muita diferença e bati em segundo lugar com 4min08s86. Nos metros finais eu sabia que estaria logo menos no pódio, mas não dava pra cravar em que posição estava. Foi uma sensação indescritível. Senti que mereci aquela medalha, que está guardada num local especial da minha casa.

Hoje tenho tatuadas as coordenadas da piscina de Londres, a marca da final e a expressão Vim, vi e venci para nunca mais esquecer daquele sábado. Sempre digo que a conquista não foi só minha, mas de todo os brasileiros.

Tenho certeza de que as energias positivas e a vibração de todos os brasileiros certamente me ajudarão e subir novamente ao pódio na Rio 2016.

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