‘Sangue bom’: Matheus Santana é destaque do Diário de São Paulo

Matheus Santana bem que tentou, mas não conseguiu comprar ingressos para assistir às provas de natação nos Jogos Pan-Americanos do Rio-2007. Aos 11 anos, o garoto já sonhava com o dia em que estaria no lugar daqueles que então lutavam por medalhas. Nove anos depois, o carioca é uma das promessas da modalidade e tem tudo para representar o país na Olimpíada do Rio, em agosto.

Matheus está confiante Crédito: Divulgação

“Eu me lembro de que a inspiração foi o Thiago Pereira ganhando seis medalhas de ouro, oito no total. Sempre sonhei em disputar um Pan, uma Olimpíada e agora esse sonho está se concretizando”, comemora.

Matheus já tem índice olímpico para os 100 m livre, mas quer mais. O plano é obter vaga nos 50 m livre – tem o terceiro melhor tempo, sendo que os dois melhores vão –, integrar o revezamento e, quem sabe, beliscar uma vaga nos 200 m livre. A última chance é o Troféu Maria Lenk, em abril.

As ambições de Matheus são tantas quanto suas credenciais. Afinal, na base, o nadador melhorou antigos recordes de Cesar Cielo. “Bati alguns recordes dele, acho que um Paulista, outro Brasileiro e um no Chico Piscina, mas foi muito bom ter conseguido. Na época, ele ainda era o campeão olímpico e mundial, estava no auge, qualquer coisa relacionada a ele era notícia”, reconhece o atleta, referindo-se a 2014, quando baixou o tempo estadual júnior de 50s18, que durava oito anos, para 49s83.

Volta por cima/ Um ano antes, a carreira de Matheus levara um baque. Diagnosticado com diabetes desde os 8 anos, ele teve complicações por causa da doença e foi cortado do Mundial Júnior. “Aprendi bastante com isso. Acho que me tornou um cara mais maduro em relação ao cuidado com a minha saúde, com os meus treinamentos. Ficou uma coisa mais profissional, todo dia ali mantendo o controle”, garante. Foi a última vez que a doença comprometeu sua trajetória.

Herdeiro direto da tradição de velocistas como Cielo, Gustavo Borges e Fernando Scherer, o Xuxa, Matheus garante não se intimidar com a responsabilidade. “Não me sinto pressionado. Na verdade, não fico me cobrando por isso. Para mim, é até bom dar continuidade a essa história e colocar a bandeira do Brasil no pódio”, avisa.

Entrevista

Matheus Santana_ Ouro na Olimpíada da Juventude

‘A principal meta é nadar os 100 m livre nos 47 segundos’

DIÁRIO_ O que significou bater alguns recordes de Cielo?

MATHEUS SANTANA_ Sempre gostei de nadar com a mesma intensidade. Não que não levasse a sério, mas passei a levar mais ainda. Foi como quando fui de juvenil 1 para 2: a natação ficou mais séria para mim.

Quais as metas este ano?

A principal é nadar os 100 m livre na casa de 47 segundos. É bem puxado, mas estamos encaixando as provas aos poucos. Nado na casa dos 48 segundos com certa frequência, então, só faltam pequenos ajustes. É firmar essa prova, me garantir no revezamento, tentar brigar nos 50 m livre e, quem sabe, também pela vaga nos 200 m livre.

Antes da natação, você jogou futebol e fez jiu-jítsu. Pensou em seguir carreira neles?

Competi, mas nada sério. No futebol, joguei um campeonato por um clube pequeno, chamado Olaria, pelo qual também nadava, mas nunca ganhei nada. No jíu-jitsu, eu gostava bastante de treinar. Ganhei algumas medalhas, mas quando tive de escolher, optei pela água. Era o que eu mais gostava e onde mais me destacava

Você tem o Nicholas Santos como referência. Como é a relação entre vocês?

Eu sempre o tive como ídolo, não apenas pelo estilo, mas pela personalidade dele. É um cara bem sábio. Ele me dá dicas e, às vezes, eu também para ele. Fizemos uma amizade não apenas nas piscinas.

Os melhores tempos de Matheus Santana nos últimos anos

2011 – Infantil – 23”41 (50 m livre) 53”28 (100 m livre)

2012 – Juvenil – 23”01 (50 m livre) 50”25 (100 m livre)

2013 – Júnior – 22”55 (50 m livre) 49”43 (100 m livre) 55”50 (100 m borboleta) 1’51”61 (200 m livre)

2014 – Júnior – 22”16 (50 m livre) 48”25* (100 livre)

2015 – Júnior – 22”17 (50 m livre) 48”71 (100 m livre)

*O tempo lhe garantiu o ouro na Olimpíada da Juventude. Matheus ainda ficou com a prata nos 50 m livre e no revezamento 4×100 m misto

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