Patrícia Farias no Espaço dos Campeões do jornal Lance

Nadando contra corrente

Olá amigos do Lance! Hoje venho falar para vocês sobre a Travessia Capri-Nápoles, uma das mais prestigiadas do circuito mundial de maratona aquática. Não é a toa que até 1992 essa prova era a única à garantir ao vencedor o título de campeão mundial de águas abertas. Senti na pele as imensas dificuldades desse percurso de 36 km pelo Mar Tirreno. Saímos da ilha de Capri às 9 horas da manhã (horário local), o clima estava bom, temperatura da água também excelente, em torno de 24 graus, nadei tranquila o primeiro trecho. Com 2 horas de prova entrou um vento lateral e uma corrente contra. Mesmo assim consegui imprimir um ritmo forte, que dava a impressão que seria possível finalizar a prova bem, em torno de 7, 8 horas. Mas faltando 10 quilômetros para o final, entrou um vento muito forte de frente pra mim, que deixou a corrente contra ainda mais forte e o mar muito ondulado. O próprio presidente do comitê organizador ressaltou que foi uma das travessias mais difíceis já realizadas. E como se os obstáculos naturais já não fossem suficientes, meu barco de apoio quebrou. Tive que nadar por cerca de 20 minutos sozinha e também perdi uma hidratação, assim acabei tendo um forte enjoo. Tirei forças de sei lá onde para continuar. Às 20h, após 11 horas cravado no relógio, cheguei em Nápoles, exausta, mas ao mesmo tempo foi uma experiência incrível e muito gratificante. Ter passado por tudo isso e conseguir concluir a prova só ressalta que nós, seres humanos, somos capazes de alcançar nossos sonhos e superar nossos próprios limites, especialmente nós mulheres. Assim como no mar, na vida temos uma série de situações que fogem do nosso controle e precisamos aprender a lidar. E por mais difícil que pareça, a gente precisa acreditar em nós mesmos e seguir em frente. Por isso, espero que minha história ajude a motivar mais pessoas a irem além dos seus limites e, claro, a atrair mais praticantes para a maratona aquática, uma modalidade desafiadora mas muito apaixonante do qual tenho muito orgulho de ajudar à fomentar. Um grande abraço!

 

Patrícia Farias é ultramaratonista aquática, única mulher a realizar solo a Travessia do Leme ao Pontal

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