Edênia Garcia escreve para a espnW

Edênia Garcia, paratleta de natação, é colunista no site espnW

Estive fora, me reencontrei e digo que: voltei, meninas!

Edênia Garcia

Natação Paralímpica
Natação Paralímpica Arquivo Pessoal

Oi, meninas.

Hoje quero atualizar vocês sobre meus últimos meses e também o por quê não atualizei vocês.

Em abril competi o Open Internacional de Natação em São Paulo. Nesta competição também passei por nova reclassificação. Deixa eu explicar melhor a classificação: no esporte paralímpico, os atletas são divididos em classes por grau de deficiência e a natação é subdividida em 14 classes, de S1 á S14 (S1 até S10 é deficiência física, S11 até 13 deficiência visual e S14 intelectual) o S vem de Swimming. Devido novo código de regras do Comitê Paralímpico Internacional, todos os paraatletas do mundo em 2018, seriam reavaliados seguindo novo protocolo.

Entrei na competição como S3, fui avaliada, subi para S4. Como S4 eu teria que competir com meninas que andam, que fazem virada olímpica e com muito mais mobilidade do que eu. Assim aconteceu no Open, não só competi na classe como terminei a competição na classe a cima da minha. Minha cabeça no momento em que percebia minhas chances de continuar competitiva, indo por ralo abaixo, só conseguia pensar na injustiça. Entramos com protesto, contestando os erros na hora da avaliação, foi aceito e seria reavaliada um mês depois no World Series, na Itália.

Semanas depois comecei um curso de Coaching, melhor decisão da minha vida. Em meio a toda pressão psicológica devido a classificação, fazer o curso me ensinou muito sobre ressignificar acontecimentos passados e evoluir como ser humano. O passado nós podemos ressignificar o presente é para ser vivido e o futuro é uma projeção. Saí do curso com essa certeza.

Bem, um mês depois estávamos na Itália, para competir o World Series. Toda classificação é feita antes de começar a competição e lá estava esperando ser avaliada. Foi feita avaliação na maca, depois na água e novamente para confirmar, voltei para maca. Depois de algumas horas esperando, saiu o veredito: “Edênia; você S3!” Sim, o classificador exclamou em alto e bom tom. Desta vez foi uma avaliação seguindo todo protocolo novo de avaliação e acima de tudo, foi humanizado! Parece até novela, mas é tudo real, rs.

Passado todo contratempo, começamos a competição na Itália com o pé direito, medalha de ouro nos 50m costas e melhor índice técnico da prova. Seguimos para Inglaterra competir mais uma etapa do World Series, competição bem forte. O Brasil fez uma competição boa, Daniel Dias estabeleceu novo recorde mundial nos 50m livre S5, Cecilia Araujo faz melhor marca pessoal e recorde das Américas, também nos 50m livre. Para mim foi uma competição muito especial, tive o prazer de voltar a competir com uma adversária de peso, Mayumi Narita, que ganhou ouro em Atenas 2004 nos 50m costas. Desta vez o cenário mudou, por pontuação, ganhei a medalha de ouro. Foi um sensação incrível!

Meu ouro na Itália
Meu ouro na Itália Arquivo Pessoal

O esporte não é só glamour e nem é justo para todos, mas é extremamente gratificante trabalhar com o que se ama!

Minhas queridas leitoras, quero agradecer por acompanharem a coluna, fiquei fora um tempo, por precisar me reencontrar novamente, mas sempre faço com muito carinho pra vocês. Quero passar o máximo do nosso contexto para que conheçam o nosso esporte! Os próximos textos serão sobre nosso senário paralímpico!

Fiquem atentas!

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