Coluna do mês de Edênia Garcia na espnW

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A força de Joana Neves; a ‘Peixinha’

Eu e a peixinha

Eu e a peixinha Reprodução

Oi, meninas!

No último mês aqui no Centro de Treinamento Paralímpico tivemos algumas novidades, uma delas é a nova integrante, nossa Joana Neves, mais conhecida como Peixinha.

Joana é natural do Rio Grande do Norte, nasceu com um tipo de nanismo, e começou a nadar em 2000 por orientação médica para tratar fraqueza nos ossos. Ela se identificou com a natação logo cedo e não parou mais.

Por coincidência ou não, nos conhecemos em 2000. Quando estávamos fazendo teste na escolinha de natação Tutubarão, mal sabíamos que no ano seguinte seriamos convocadas para a seleção brasileira. Foi na Copa das Américas em 2001, em sua primeira competição internacional, que Joana subiu de categoria. Ela passou de S5 para S9, competindo com atletas com muito mais mobilidade.

Esse erro na classificação não parou a nadadora, que continuou a treinar mesmo com muitas dificuldades financeiras. Ela contou com o apoio da família e de seu técnico Rodrigo Vilar. Passados nove anos, somente em 2010, Joana foi chamada para refazer sua reclassificação, o erro foi corrigido e ela retornou para sua classe de origem S5.

O ano de 2010 foi o ano da volta por cima de Joana. No mesmo ano, ela já compunha a seleção brasileira e ganhou sua primeira medalha em jogos mundiais, na Holanda. Desde então, vem colecionando títulos, entre eles 4 medalhas Paralímpicas: bronze em Londres nos 50m borboleta, duas pratas e um bronze no Rio 2016, fora o recorde brasileiro e das Américas em suas provas.

Quero abrir um parêntese sobre um assunto recorrente: classificação. Acredito que essa seja uma grande variável no esporte paralímpico mundial. O ano de 2018 veio para comprovar isso! Para que entendam melhor, um atleta que hoje figura em 7º lugar do ranking mundial, pode subir 6 colocações dependendo da sua avaliação/ reclassificação. Trocando em miúdos, como a vida de Joana mudou completamente entre 2001 e 2010, isso pode acontecer em menos de 24h. Esse foi o meu caso, entrei na avaliação em 2018 como 7ª do mundo e em poucas horas estava como número 1 do mundo.

Peixinha em 2015

Peixinha em 2015 Marcio Rodrigues

Voltando as novidades de 2019, a pouco mais de um mês, Joana vem treinando no CT Paralímpico, aqui em São Paulo. Aproveito essa oportunidade para colocar o papo em dia.

Perguntei para Joana qual o balanço dela sobre 2018 e o que a levou vir para São Paulo. Joana foi bem direta: “meu ano de 2018 foi tenso, para não dizer que foi horrível. Logo no começo do ano precisei parar os treinos e fiz cirurgia de hérnia umbilical, que correu muito bem, porém depois de um mês tive um quadro de inflamação, porque sou muita inquieta. Por esse motivo fui cortada da primeira competição do ano, competição que seria para fazer índice do Parapan Pacifico na Austrália. Felizmente fui convocada para nadar o World Series na Itália e Inglaterra, não nadei bem, só tinha treinado 20 dias depois da cirurgia, mas mesmo assim fiz o  índice do Parapan Pacifico e  fiquei bem feliz”, contou.

Na sequência Joana relata que seu momento mais difícil de 2018 foi a perda do seu pai, “ foi a pior dor, perder meu pai, uma dor insuportável, meu mundo caiu”, acrescentou. Após a retomada aos treinos, Joana teve um quadro de depressão profunda, depressão que ela vinha sofrendo há dois anos.

Achando que já tinha passado por tudo, veio mais uma cirurgia, desta vez, o apêndice precisou ser retirado. Tudo isso fez Joana ficar um período afastada dos treinos. Como atleta sei o quanto é difícil ficar longe das piscinas!

Foi então que no final de 2018 o Head Coach, Leonardo Tomasello, entrou em contato e a convidou para treinar um período em São Paulo. Com ânimo renovado, Joana tem em mente metas concretas para 2019, conseguir se dedicar 100% aos treinos e fazer sempre o seu melhor.

Para finalizar nosso bate-papo, perguntei como tem sido esse início de 2019, treinando em São Paulo. Ela me disse: “Por enquanto está tranquilo, tenho aprendido muitas coisas estou voltando com uma vontade de aprender mais, e treinar no CT está me ajudando nisso. O mais difícil é ficar longe da família. Esse é meu ponto fraco, infelizmente como todos sabem, minha família é tudo para mim, sou muito ligada a eles, a saudade já está batendo, mas para termos algo melhor em nossas vidas, temos que abdicar de algumas coisas, para que no futuro possamos ser feliz. Eu sei que a saudade de hoje fará bem para o meu crescimento no esporte!”, contou.

Certamente 2018 foi um ano intenso e de muito aprendizado para Joana, estamos todos torcendo para que ela volte com tudo e esteja na “Raia 4” em 2019.

E aproveito para desejar feliz aniversário para a Peixinha, que hoje comemora 32 anos de muita determinação e personalidade! Parabéns, Joana!

E para vocês, desejo toda essa determinação da Joana!

Beijo,

Edênia.

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