Esquiva Falcão escreve para o LANCE sobre o boxe

Boxe do Brasil ganhou mais gás, mas é preciso pés no chão.

Olá leitores do LANCE! Cada diz mais noto que o boxe retomou sua história de sucesso e a atenção da mídia e do público aumentou consideravelmente. A nobre arte é formada de ídolos por aqui também, mas desde a conquista de cinturão de Popó Freitas que as coisas deram uma parada. Mas não nos bastidores! Por trás das câmeras tinha muito trabalho, que resultou nas medalhas olímpicas nas duas últimas edições do Jogos – a minha, do meu irmão Yamaguchi e da Adriana em 2012 e a do Robson Conceição em 2016. Eu sempre coloco o Brasil no patamar mais alto, pois sei que os pugilistas brasileiros são uns dos mais talentosos da América, junto com cubanos e mexicanos. Superamos adversidades desde o início da carreira, lutamos para ajudar no sustento das nossas famílias, muitos passaram necessidade e mesmo assim chegaram ao esporte. Quando entramos no ringue carregamos toda a nossa história e mostramos garra. Porém, chega uma hora que não só o talento fala mais alto. É preciso foco, dedicação, disciplina e abrir mão de muitas coisas, como família, festas e até nosso estilo de treinamento. Foi o que aconteceu comigo!

Estou desde 2014 buscando o sonho de ser campeão mundial profissional de boxe. Para isso foi preciso mais uma escolha: mudar para Las Vegas, nos Estados Unidos, onde tenho estrutura da Top Rank e o auxílio do meu técnico Miguel Díaz. Meus treinos são estruturados e focados para cada combate. Algumas vezes, como ocorreu na última sexta-feira, um adversário falta e você se depara com um cara novo, duro e desconhecido. O que fazer? Por sorte, eu consegui minha 16ª vitória na carreira e sigo invicto.

Aprendi muito e posso dizer que, após lutas na elite do boxe mundial, preciso aprender muito mais. Só tem peixe grande e cada combate é um degrau a mais para um dia me tornar – e vou me tornar – um campeão mundial. Quem vê minhas lutas nota uma diferença absurda na forma que atuo no ringue e encaro os adversários e minha postura como profissional. Não adianta só soltar a mão, é preciso estratégia, saber a hora de respirar e ouvir minha equipe. E nada de subir pra cabeça, pois qualquer vacilo já era.

Espero encorajar novos atletas a entrar no boxe e apoiar a formação de atletas para Tóquio 2020 no olímpico. O incentivo não pode acabar por todos os lados e os resultados que eu e o Robson Conceição estamos obtendo internacionalmente são fruto de atenção com a imagem dos dos ringues, treino e planejamento. Não adianta nada querer e ter talento! É preciso paciência e escolher as pessoas certas.

Fico por aqui, pessoal e convido a todos a acompanhar minhas lutas em 2017. Minha próxima deve ser em fevereiro ou início de março. Aproveito também para mandar muita força aos envolvidos na tragédia com a delegação da Chapecoense. Dediquei minha vitória contra Luis Hernandez às famílias e vítimas dessa tragédia. #ForçaChape

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